- Me inscrevi para o
curso ... vou ver o que dá.
- Naquele que eu
falei?
- Aquele mesmo.
-Vai ser muito
bom para você. Fico feliz!
Risos
- Perdi o namorado
por causa disso. Mas beleza! Azar o dele.
- Como assim!? ele
terminou com você?
- Ele não gosta das
coisas que eu gosto. Ele é mais velho, sabe como é, aí quando eu disse que me
inscrevi ele ficou puto.
- Entendi.
- Num faz mal. Eu já tava cansada da relação mesmo.
- Vai ser melhor
assim.
- É.
Silêncio.
- Relacionamento é
para as pessoas entenderem umas às outras, não para imporem coisas
Olham-se.
- Falou bonito!
Desviam o olhar.
- Obrigado.
Silêncio
- Como funciona o
curso? Será que eu sou capaz?
- E lógico que você é capaz. Vai aprender muito e ensinar também. É um grupo onde todos os
integrantes são os professores. Todo mundo ensina todo mundo. Até quem está
chegando, como você, pode ensinar.
- Entendo.
- Vai ser muito bom
porque eu estou lá sempre, então nos veremos mais.
Olham-se. Risos.
Desviam o olhar.
- Também vou tirar
uma carta de habilitação até o fim do ano.
- Oba! Poderemos
pegar a estrada.
- Verdade... o
problema é eu ser quem eu sou... a idéia de poder ser quem você quiser não é
uma boa?... Acho que tenho problemas com a rotina... Você tem problemas com
rotina?
- Acho que é por isso
que eu faço o que faço.
- Eu detesto rotina.
Brincar de casinha é apenas na minha vida.
- Acho que a gente é
assim inquieto. Precisamos sempre do diferente. De pegar a estrada e sair por
ai. Sem rumo. Sem rotina.
Risos. Silêncio.
- Às vezes me sinto
sufocada. Tenho vontade de adrenalina. De 15 segundos que parecem 15 minutos.
- É. Gosto dessa sensação.
Silêncio. Riso.
- Mas por enquanto
estou me contentando em estar por aqui mesmo.
- Da viver muitas
aventuras estando num lugar só. Já fiz muito isso!
Sorriso. Silêncio.
- Tô cansada de
ralar.
Silêncio.
- Isso é bom.
Silêncio. Olham-se.
- Que conselho você
me daria?
Desviam o olhar.
- ... ando pensando
que... se a gente não arrisca a gente nunca vai saber.
Silêncio.
- ... é verdade.
- Se eu não tivesse feito
o que fiz até hoje eu me perguntaria como seria.
Silêncio.
- ... é né... não
tenho coragem de fazer o que você fez... não hoje... unf!... certo você... -
Silêncio - ... você fica triste às vezes? Sabe, quando está só.
- Sim, mas toda deprê
passa.
Resmungo de entendimento.
Silêncio. Olham-se. Silêncio.
- Você é homossexual?
Silêncio. Continuam
olhando-se.
- Não! - Desviam o
olhar. Silêncio - só sou um homem sensível.
- E não sai com ninguém?
- Às vezes. Quando
aparece uma garota interessante.
Silêncio.
- Sabe quem andou
conversando comigo? Aquele seu amigo. Um tal de André. Acho que ele estudava
com você. Encontrei com ele numa festa e o reconheci. Achei ele uma graça.
- Olha só hein!
- hum?!
- Nada. Foi só um
comentário sem continuidade.
- Para de ser chato!
- Isso não dá para eu
prometer.
- Gosto de você de
qualquer jeito.
- Que bom! -
Silêncio. Um suspiro - você vai ver bastante o André. Ele também se inscreveu
para o curso.
- Quem disse que eu
quero vê-lo?
- Só falei isso
porque você disse que achou ele uma graça... não sei.
Silêncio. Uma
gargalhada.
- Ficou com ciumes? -
Silêncio - ... brincadeira... é ótimo ser sua amiga... não importa o que
aconteça... de qualquer forma a gente se dá bem... - sorriso - ... até quando eu
estou de TPM você me suporta... lembra das gracinhas que eu fazia com você?...
acho que vou para o inferno por fazer você sofrer tanto.
- Ninguém vai para o
inferno por ser bem humorado... e sempre gostei das suas brincadeiras.
Silêncio. Olham-se.
- Tô tão acostumada
com seu jeito sério.
Desviam o olhar.
- Nem sempre sou
sério.
- E agora? Como você
está?
Incômodo.
- Com borboletas no
estômago.
Olham-se. Silêncio.
- Não entendi... acho
que não.
Desviam o olhar.
- Por que temos que
entender tudo?
Silêncio.
- Acho melhor eu ir
embora.
Olham-se.
- Não... Fica mais um
pouco.
Silêncio.
(Para Amanda Massaro, dedicada companheira de palco com quem espero compartilhar muitas cenas ainda)
déjà vu...
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